António Aragão
António Manuel de Sousa Aragão Mendes Correia nasceu na freguesia de São Vicente, Madeira, em 22 de Setembro de 1921. Morreu, no Funchal, no dia 11 de Agosto de 2008.
Vai não com mãos de fadas
a bailar quimeras…
Que outra voz
te anime o leme;
que outra vela
te guarde a saudade.
António Aragão, Arquipélago, Funchal, 1952, p. 15.
Historiador, poeta, romancista, contista, dramaturgo e pintor.
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Lisboa; especialização em Biblioteconomia e Arquivística pela Universidade de Coimbra.
Director do Arquivo Distrital do Funchal (Arquivo Regional da Madeira) de 1969 a 1986.
OBRAS PRINCIPAIS
HISTÓRIA
Pelourinhos da Madeira, Funchal, 1959.
O Museu da Quinta das Cruzes, Funchal, 1970.
Para a História do Funchal: pequenos passos da sua memória, Funchal, 1979.
A Madeira vista por estrangeiros. Funchal, 1981.
As armas da cidade do Funchal no curso da sua História, Funchal, 1984
Para a História do Funchal, Funchal, 1987 (2.ª ed.).
O espírito do lugar: a cidade do Funchal, Lisboa, 1992.
Lançou, em 1972, a Série Documental do boletim Arquivo Histórico da Madeira, editado pelo Arquivo Distrital do Funchal, a fim de divulgar fontes para a História da Madeira.
LITERATURA
Poema primeiro, Covilhã, 1962.
Roma nce de Iza Mor f ismo, in Poesia experimental 1: 1.º caderno antológico (org. António Aragão e Herberto Helder), Lisboa, 1964.
Mirakaum em 5 episódios in Poesia experimental 2: 2.º caderno antológico (org. António Aragão, E. M. de Melo e Castro e Herberto Helder), 1966
Folhema 1, Funchal, 1966.
Folhema 2, Funchal, 1966.
Mais exacta mente p(r)o(bl)emas, Funchal, 1968.
Poema azul e branco, Funchal, 1970.
Poema vermelho e branco, Funchal, 1971.
um buraco na boca: romance, Funchal, 1971.
Os Bancos, Setúbal, 1975.
Metanemas, Funchal, 1981.
Desastre nu: peça em quatro episódios, Lisboa, 1981 (2.º Prémio do Concurso de Peças de Teatro Inéditas – 1980, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura).
Pátria, Couves, Deus, etc., Lisboa, 1982.
Textos do Abocalipse, Lisboa, 1992.
Pátria, couves, Deus, etc. com tesão, política, detergentes, etc., Lisboa, 1993
Em 1956, organizou o caderno literário, Búzio, onde colaboraram Edmundo Bettencourt, David Mourão-Ferreira, Eurico de Sousa, Esther de Lemos, Herberto Helder, Jorge Sumares e J. Escada, além do próprio António Aragão.
EM ANTOLOGIAS
Arquipélago. Funchal, 1952.
Musa Insular (poetas da Madeira)/ Luís Marino. Funchal, 1959.
Antologia da poesia concreta / José Alberto Marques e E. M. de Melo e Castro. Lisboa, 1973.
O Surrealismo na poesia portuguesa / Natália Correia. Lisboa, 1973.
O Natal na voz dos poetas madeirenses / José António Gonçalves. Funchal, 1989.
Narrativa Literária de Autores da Madeira do Século XX: antologia / Nelson Veríssimo. Funchal, 1990.
Narrativas contemporâneas da Madeira. Récits contemporains de Madère / Thierry Proença dos Santos. Funchal, 1997.
Antologia da poesia experimental portuguesa: anos 60 – anos 80 / Carlos Mendes de Sousa; Eunice Ribeiro. Coimbra, 2004.
Contos Madeirenses / Nelson Veríssimo, Porto, 2005.
Nostalgia dei Giorni Atlantici / A cura di António Fournier. Asti, 2005.
Pontos luminosos – Açores e Madeira: antologia de poesia do século xx / Maria Aurora Carvalho Homem; Urbano Bettencourt; Diana Pimentel. Porto, 2006.
ETNOGRAFIA
As recolhas de António Aragão e Artur Andrade, com a colaboração de Jorge Valdemar Guerra e Luís Alberto Silva, nos anos de 1972 e 1973, deram origem a diversos discos editados pela DRAC (duplo LP em 1982) ou com o apoio deste departamento governamental (seis CD, 1996 e 1998). Constituem, sem dúvida, significativos contributos para o estudo da cultura popular tradicional madeirense.
Aos olhos da memória: recolhas etnográficas de António Aragão em Machico. Alexandra Nepomuceno, int., transc. e notas. Jorge Freitas Branco, 1952-, pref. Machico: Câmara Municipal, 2012.
PATRIMÓNIO CULTURAL
Delegado dos Museus e Monumentos Nacionais na Madeira.
Membro da Comissão de Arte e Arqueologia da Câmara Municipal do Funchal.
Elaborou o Estudo de Prospecção e Defesa da Paisagem Urbana do Funchal, 1966-1967, e, a partir de 1969, os Inventários Artísticos dos concelhos de Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Ponta do Sol e Calheta, a pedido da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
Coordenador da exposição Funchal: ontem e hoje, Museu de Arte Sacra, Funchal, 1980.
Em 1956, esteve ligado à instalação do Jardim Arqueológico do Museu da Quinta das Cruzes e, em 1961, dirigiu as escavações arqueológicas do local onde se ergueu o Convento Franciscano de Nossa Senhora da Piedade, em Santa Cruz.
Procedeu também a levantamentos de moinhos do Porto Santo e de espécimes da arquitectura tradicional do arquipélago madeirense, tendo em vista a obra que preparava: Arquitectura Rural da Madeira e Porto Santo.
BIBLIOGRAFIA PASSIVA
Cibertextualidades 07 (2015). Porto: Universidade Fernando Pessoa. (número dedicado a António Aragão, organizado por Rui Torres).
DIONÍSIO, F. P. (1997). O experimentalismo em António Aragão. Islenha, n.º 20, Funchal, pp. 12-20.
GONÇALVES, Lúcia (2002). O Desastre Nu de António Aragão. Origens: revista cultural. Santa Cruz – Madeira: Casa da Cultura. 6, pp. 13-19.
GUERRA, J. V. (2009). Dr. António Aragão Mendes Correia (1921-2008). In BARROS, F., coord. Legados para a História: um agradecimento. Doações ao Arquivo Regional da Madeira de 2005 a 2008. Funchal: SREC-DRAC, pp. 28-33.
Margem 2, n.º 28, Funchal, 2011 (número inteiramente dedicado a António Aragão, coordenado por Nelson Veríssimo)
PRETO, António Manuel João (2005). A poesia experimental portuguesa: 1960-1980. Lisboa: [s. n.].Dissertação de mestrado, Teorias da Arte, Fac. de Belas-Artes, Univ. de Lisboa.
RODRIGUES, A. (1981). Lendo António Aragão: um buraco na boca. Margem I, Funchal.
SANTOS, Bruno Daniel Ministro dos (2014). Um buraco na boca: edição crítica do romance experimental de António Aragão. Lisboa: [s. n.].Trabalho de projecto de mestrado, Edição de Texto, Fac. de Ciências Sociais e Humanas, Univ. Nova de Lisboa.
Preservação do Património Cultural: um alerta de 1979 repetido em 1987
E se a cidade do Funchal é vítima impotente duma espécie de destruição sistemática, que devemos dizer também do que se passa em toda a Madeira? Realmente, se o património urbano do Funchal posterior à época manuelina (séculos XVII e XVIII – cidade do vinho), já profundamente delapidado, caminha para uma breve extinção, outro tanto devemos apregoar quanto às construções tradicionais da Madeira e Porto Santo, as quais constituem as peças mais valiosas do património rural insular e que nos nossos dias rapidamente estão morrendo por toda a parte.
Qualquer dia nada resta. Consumou-se um crime. Aliás um duplo crime. Matou-se uma cultura e, conjuntamente, o homem que a concebeu e viveu – esse homem europeu que, numa agigantada ocasião da sua história, levantou a primeira cidade portuguesa fora da Europa, nas distanciadas paragens do Mar Atlântico.
Para a História do Funchal, Funchal, 1987, p. 284.
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